sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

^^

CALA-TE E VIVE!

2005/2008

caminho sobre pontes
que já foram destruídas
passeio em salas de museu
com telas rasgadas
olho para montras de lojas
há muito fechadas
as minhas lágrimas
há muito choradas
dos meus olhos
que com os anos
endureceram, secaram
cheios de todos esses nadas
li o mesmo jornal
todos os dias
durante anos
ouvi a mesma canção
todos os dias
tudo o que pôde
ali parou
tudo o que conseguiu
continuou
linhas e linhas
de toda a sanidade e loucura
me passou pelas folhas
pintei todos os meus demónios
e alinhei-os
página a página
eu
posso não saber quem sou
às vezes
mas sou poesia

Papel de Parede

o papel de parede
diz-me mais
que muita gente
olho para o meu cigarro
e o seu fumo
e penso em quem
aqui já fez isso
submisso
ao seu caderno preto
um esquiço
do seu pequeno deserto
da sua travessia no deserto

Este Túnel

Chá
Fumo

e Palavra
A alma toda nova
Deixei algumas coisas
No ano passado
Outras
No que há-de vir
Estou sozinha
Sem estar no escuro
Mesmo não tendo
Porto Seguro
Eu não me censuro
Se eu fosse a mim
Tinha feito o mesmo
Tinha feito assim
A minha ética
Fui eu que a escrevi
Com o que vi
Ouvi e Li
A minha Constituição
Fui eu que a redigi
Entre a rua e o caderno
Entre o Verão e o Inverno
Desde o dia em que caí
Neste túnel que é o Mundo..