quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

p. 1

Eu vejo o entendimento, a compreensão cm uma digestão mental. Ingere-se a situação, o momento e ele circula em nós, é sintetizado, exposto a diferentes pontos de vista. Algumas partes são assimiladas, incorporadas em nós. Outras são deitadas fora, as partículas tóxicas e inúteis, como a raiva, o rancor e a frustração. Esta digestão é essencial para o bom funcionamento do nosso espírito e da nossa mente. Aquelas digestões que demoram anos, décadas a ser feitas, são prejudiciais. As várias componentes desses acontecimentos mais complicados circulam livremente enquanto não são digeridos, enquanto não são entendidos. É essencial aceitar as coisas com naturalidade mas nem sempre isso se faz de forma gradual e saudável. Há coisas que custam a entender e a aceitar. Também há situações tão doidas que, por mais que nos esforcemos, não conseguimos entender; como fomos capazes de fazer isto e aquilo; como fomos capazes de entender e aceitar coisas q nunca chegámos a digerir; como fomos capazes de esquecer tanta coisa.

domingo, 12 de julho de 2009

blah

acordar
repetir
fingir que se sente
sentir sem saber
repetir
andar pelas mesmas estradas
dia após dia
após dia
até arranjar companhia
procriar
condicionar quando se devia instruir
lutar
contra moinhos de vento
contra a nossa alma
para envelhecer
com tristeza e calma

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Obsessão

dias perdidos em volta do que não volta
dias perdidos em volta do que se perdeu
porque se devia perder
porque doía e não devia
doía como uma fractura
sem tratamento
sem cuidado
e mesmo assim
esperava-se
e mesmo assim
chorava-se
quando se vai perdendo o rumo
o norte
a vontade
até a maior mentira
parece verdade

terça-feira, 25 de novembro de 2008

paralisada

tenho medo do que já possuí e se esfumou. tenho medo do que quis construir e já não consigo. tenho medo deste medo que me paralisa, medo desta memória que me trai. tenho medo que não acreditem que, neste momento, não consigo mesmo mas não consigo mesmo. tento, tento, volto a tentar e perco-me em textos densos, que não compreendo. esforço-me, mesmo quando a ansiedade me paralisa mas nem sempre chega. nem sempre consigo fazer o trabalho que devia. esforço-me e a minha mente está vazia.

domingo, 23 de novembro de 2008

para o meu pai

uma carta é uma ponte entre duas pessoas que se amam e às vezes não se entendem.as palavras como abraços e beijos, procurando chegar ao que se achava perdido.
uma carta tem uma impressão digital, diz mais que a palavra oral, brota do desejo de recuperar o entendimento perdido.
aquela carta foi o começo, daquilo que já estava a ser dolorosamente esquecido.
o esquecimento como forma de amansar a dor mas nunca efectivo.
não é possível esquecer o amor, não é possível apagar o amor entre pai e filho.
amo-te para sempre, como sempre, desde sempre.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

rimalhada ^^

estou no sítio certo
nem mais longe
nem mais perto
no centro do sentir
perdendo medos
desencobrindo segredos
já não tenho medo de ir
porque sei para onde voltar
mais perto do longe
do que longe do perto
no sítio certo
onde sempre quis estar
e com um novo brilho
no meu olhar

domingo, 26 de outubro de 2008

de coração partido
e futuro tremido
falo e falo
a palavra não chega
a nenhum ouvido
as paredes apertam
o tempo sufoca
passo o dia
fechada na toca
nem um animal aguentaria
tanta tristeza
e monotonia

sábado, 25 de outubro de 2008

Esperança

quem não tem esperança
não sente
não avança
sente apenas o que não quer
a inveja de quem vive
e é livre
a tristeza de não poder emendar
a revolta de não ter voz para falar
falo mas ninguém ouve
peço perdão mas ninguém acredita
fica a tristeza infinita
de quem já mudou
e tudo mas tudo
parou

sábado, 18 de outubro de 2008

sem título 1

tamanha insensatez
insensibilidade
e malvadez
me rodeia.
tentando pentear
o que sempre se despenteia
tentando justificar
inventando razões para parasitar
quem trabalha.
usando o cuidado
e terapia
como desculpa para a cobardia
de manipular os infelizes
com a ajuda de aprendizes
sem alma
que não vêem,
só obedecem

quinta-feira, 2 de outubro de 2008